quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O peso de ser pobre

Se morre de amor! Porque amar é perceber-se vivo. Ontem estava pensando sobre o quer eu faria se tivesse tanto dinheiro quanto pudesse gastar, eu estava com fome e decidi que se de repente eu ficasse tão milionário eu iria a um restaurante bom. Mas logo percebi que não iria procurar um 9V74 restaurante, mas iria num lugar bom para os meus padrões. Então pensei no que eu faria no dia seguinte, no dia seguinte eu iria comprar um lamburguini? não! Não daria tempo! A liberdade de ter tanto dinheiro me faria ir, o mais rápido possível para os braços da pessoa que amo. Se eu tivesse tanto dinheiro assim, desistiria da minha vida e iria atravessar com a minha 125 os 200 km que me separam da pessoa que amo. Será que ser pobre numa sociedade consumista nos enche tanto do medo de não podermos consumir que optamos por adiar os feitos que são realmente importantes? Será que estamos nos enganando e lutando basicamente contra o medo de viver. Claro que eu poderia pegar minha moto e fazer essa viagem a hora que eu quiser. Então porque é que eu devo antes disso "ser milionário"?
Por que ter dinheiro me desembaraçaria a tal ponto?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Camponeses, se é para morrer, morramos decentemente!



Morrer decentemente consiste em levar uma vida plena. Dom Juan, personagem de Carlos Castañeda, empresta esta ideia em um de seus livros... li-os na juventude e os considerava assustadores e duvidosos e eu nem tinha entrado na faculdade. A questão é que nesse diálogo entre o Antropólogo Acadêmico e o velho Índio é contestado o valor da formação acadêmica. O índio diz à Castañeda que sua vida está se desperdiçando com estudos e pesquisas que os outros querem que ele faça e não algo que ele mesmo queira fazer de verdade, portanto ele é um escravo da vontade dos outros, mesmo que sua vontade seja realizar a vontade dos outros.
Fiquei profundamente assustado, pois não acreditava nisso, tanto não acreditava que continuei estudando, iniciei meu curso universitário em uma das melhores instituições públicas, há seis anos venho exercendo vida acadêmica e sentindo todas as angústias pelas quais um acadêmico vive.
Acredito que agora devo esclarecer porque trouxe à tona essas ideias. Primeiro porque tenho pensado muito na expectativa de vida de um universitário em relação às reais condições de um recém-formado, segundo que venho buscando a cada dia, viver com mais simplicidade e prazer.
Procurei fazer as pazes com o mundo e comigo mesmo, tentar novamente coisas que eu gostaria de ter feito e entre meus pensamentos, vislumbrei a diferença entre ignorância e simplicidade.
A verdadeira riqueza de um homem parece ser o poder de gozar sua vida plenamente, sentir-se bem, não importando onde esteja, quer seja limpando chão, servindo mesas, carimbando ingressos, operando máquinas... desde que um homem entenda a importância daquilo que faz ele não precisa de mais nada para considerar-se feliz, não precisa de um diploma, de um título de nobreza, da bênção do padre, dos aplausos da plateia... não precisa de nada! Basta reconhecer o amor em sua vida, mesmo que seja uma vida camponesa nos confins do Deus me livre, escondido nas profundezas de alguma mina de carvão sujo com lama, terra, lama, graxa ou bosta. Que esse homem tenha o que queira e o que queira não seja só dinheiro, mas o carinho de uma mãe, natural, adotiva, parente, mulher, amante... que tenha amigos, que tenha filhos, que beije, que sorria e que ame indiscriminadamente. Não economize no amor! Que converse com alguém, que caminhe, leia livros, conte histórias. Que esteja também só às vezes e em outras exageradamente acompanhado, que tenha tempo, bem ocupado ou não e finalmente, que morra! Que morra como deve morrer, com ou sem sofrimento, morra apaixonado, morra satisfeito, vai embora mesmo e não volte mais, enfrente! Conheça outros mundos ou o vazio eterno, mas por favor acabe um dia e acabe bem, acabe depois de ter servido alguém, pois é melhor limpar bundas do que ter se negado a fazê-lo, é melhor servir feliz, sorrindo, do que jogar o pasto do próximo... melhor cozinhar com amor do que com raiva por estar ao fogão, simplesmente porque você é isso e depois da vida … é isso que vai....e é isso o que fica.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Escondidinho de Bacalhau


Lembro que bacalhau é peixe e dos mais fortes, eu diria que o bacalhau é uma versão praieira da carne seca. Tudo nele é forte. Cheiro, aroma sal, consistência e até o preço!
Talvez por ser tão caro, nossas cozinheiras tenham se acostumado a por o que chamamos “só o cheiro de bacalhau” assim, você pede um bolinho de bacalhau e recebe um bolinho de farinha com cheiro de bacalhau.
Mas vim falar sobre o escondidinho de bacalhau porque escondidinho, convenhamos, trata-se mais de um modo de preparo que um prato específico, digo isso pelo imenso número de variedades que existem, contudo o tradicional é de carne seca. Só que esse escondidinho em especial, de bacalhau, respeita toda a postura de um bom escondidinho, inclusive o quesito: quantidade, pois se tem uma coisa que se nota nesse escondidinho de bacalhau é: “O Bacalhau!” Oh coisa boa e bem preparada, primeiro porque enche os olhos. Chama a atenção pelo catupiry que o recheia. A cumbuquinha branca se mistura ao queijo gratinado como uma tampa fechada. Deve-se ter paciência, porque o prato vem muito, mas muuuuito quente! Comi devagar e tentando sentir o máximo do sabor em tudo, foi aí que descobri o ovo cozido no meio da massa, a cebola e principalmente ao que envolvia o bacalhau: azeitonas pretas sem caroço.Ufa.... é uma tentação!
Ao terminar, fui à cozinha e disse pra Meli: “_ Se eu fosse um leão, com esse escondidinho eu agora estaria amansado!”. Agradecendo pelo ingrediente mais perceptível e importante em qualquer coisa que se coma: O amor.
Henrique Hersbolch